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Não, não é mera ilusão de óptica. É pura magia, mesmo. Nem sempre se acredita, pero... que la hay, la hay!. No fundo é tudo, sempre e só, uma questão de confiança. Mais uma vez! Uma vez mais. Há loiras que desaparecem assim, sim!, como Kate Moss para Alexander McQueen: num pafti-puff.!...Mesmo diante do nosso nariz, mesmo debaixo dos nossos olhos e ainda que continuando a parecer ali, ao alcance simples das nossas mãos. Como o tempo e os dias. Porém, irreversíveis. Impossíveis de resgatar. A evaporarem-se como éter, que é no fundo a única substância possível de isolar às partículas voláteis.dos corpos. E das almas e das alegrias e das finezas múltiplas dos corações. Pafti-puff!... e somem-se com as derradeiras badaladas. Como o Ano Velho, depois da meia-noite. Um segundo que seja e é já tarde demais. Nada do que era ou havia, é ou há mais. Desvaneceu-se para sempre. Como os anos que passaram, como as lembranças. Como as coisas e a vida. Mais ou menos feliz. Para o bem e para o mal. Assim sucede com algumas loiras. Não por ilusão. Mas por magia. Por encanto. E, acima de tudo, por ser próprio da natureza das coisas encantadas o compromisso – aparentemente cruel, ainda que seguramente implacável – de não sobreviverem fora da simetria perfeita do eixo do encantamento que as garante. Possíveis e, como tal, enquanto tal, reais.